As Fábulas e contos de La Fontaine, pertencente a classe burguesa do século XVII, as fábulas do autor eram em sua maioria adaptações escritas das fábulas orais do grego Esopo, porém seus animais embora pratiquem ações virtuosas e viciosas humanas, possuíam muito de suas peculiaridades naturais porém por outro lado criticam os abusos do povo e também dos poderosos.
A maior característica de La Fontaine que o diferencia de Esopo é a ironia dos personagens animais que se utilizam esta como uma punição e absolvição das ações viciosas e virtuosas humanas, decorrentes no reinado de Luís XIV, claro o sarcasmo era usada para não ser preso pelos guardas do monarca francês.
La Fontaine era membro da Academia Francesa de Letras uma das mas antigas e tradicionais do mundo. O contista em sua velhice afirmava o porque , escrever as suas fábulas, eis aqui um trecho do autor descrito em 1668.
Segundo Coellho (2000 apud La´Fontaine 1668, p. ) diz ser [ . . . ] Sirvo de animais para instruir homens. Procuro tornar o vício, ridículo, por não poder atacá-lo com o braço de Hércules. Algumas vezes oponho através de uma dupla imagem o vício á virtude, a tolice ao bom censo.
Os animais representam simbolicamente os vícios e virtudes humanas, La Fontaine se utiliza deles para instruir os homens que mas se preocupam com acumulo de riqueza e poder do que pelo arrependimento dos erros e a valorização da virtude como a busca diária pela liberdade política, religiosa do ser humano.
As histórias infantis, na maioria das vezes são histórias tradicionais maniqueísta, onde o mal e o bem além de serem opostos, os personagens que administram, controlam e são controlados por eles, como bruxas, magos, reis e príncipes jamais podem trocar de lado, também ao se consideramos a historia, a pessoa lerda simbolizada pela tartaruga e a lebre simbolizada como um ser humano rápido é esclarecida como algo natural e inviolável nesa perspectiva literária.
"Conto- me de ti, dizia uma vez a lebre à tartaruga : obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar‐te de teus inimigos. ‐ Guarda para ti a tua compaixão, disse a tartaruga : pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar. ‐ Vá feito, disse a lebre : só pela graça aceito a aposta." Ajustada a meta, pôs‐se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria‐se como uma perdida; e pôs‐se a saltar, a divertir‐se; e a tartaruga ia‐se adiantando. Olá! camarada, disse lhe a lebre, não te canses assim! que galope é esse? Olha que eu vou dormir um poucachinho. E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou‐se, e fingiu dormir, dizendo : Sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuia os seus chascos : Que vergonha! uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre! MORALIDADE. ‐ Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se divertir pelo caminho. (ROCHA, Justiano José.2002,p.32 )
No entanto, La Fontaine com a sua visão ficcional e sua linguagem simbólica coloca a tartaruga como um ser vencedor e a lebre perdedora , contraria a visão natural e a literatura tradicional , tartaruga igual a lerdeza e a lebre igual a rapidez , no entanto se esclarece que não se pode facultar a seres humanos, o mesmo destino traçado pelos animais através de um instinto.
Pois, o homem possui uma fé e uma razão na sua realidade religiosa e cientifica, ele não é preso, ao destino que domina os seres intuitivos e os seres racionais como homem possui livre arbitro onde escolhe diariamente o bem ou o mal, aperfeiçoando lendo e interpretando livros se tornam mas intelectuais , desvalorizando a intelectualidade viram ignorantes, ao aperfeiçoar a rapidez com exercícios em academias e ao andar de bicicleta, ficam mas rápidos porém ao negligenciar essas atividades ficam sendo mas lentos.
Ao considerar Essa história numa perspectiva metalinguística, da lebre e a tartaruga simboliza a quebra do maniqueísmo literário que esclarece que personagens nascidos bons, jamais serão maus e quem é mal jamais será bom, como nas historias onde João e Maria são sempre heróis e a bruxa sempre má, em Chapeuzinho Vermelho dos Irmãos Grimm e Charles Perrault , quebra essa visão maniqueísta pois embora só os finais são diferentes , porém as personalidades dos personagens existente nas duas versões são relativamente semelhantes, note que Chapeuzinho Vermelho, sendo a heroína da estória, possui três momentos diferentes e duas personalidades distintas, na casa da mãe e ao ajudar o caçador a matar o lobo mal ela é boa, porém a incoerência do maniqueísmo da menina está no fato de ela desobedecer as ordens de sua mãe e obedecer as ordens do lobo.